A Delegacia Especial de Delitos de Trânsito (DEDT) concluiu a investigação sobre o atropelamento de uma jovem na Praia do Viral, localizada no Mosqueiro, em Aracaju. O empresário do ramo de alimentos José Joacy Barreto de Lima Filho foi identificado como autor do crime e indiciado por lesão corporal culposa qualificada, com pena mínima de cinco anos. Nesse momento, ele responde em liberdade.

O caso corre no Ministério Público do Estado. Como o suspeito não atrapalhou as investigações, não houve necessidade de prisão preventiva, entretanto, a definição sobre a decisão ficará sob responsabilidade do MPE, que recebeu os inquéritos no início desta semana. A promotora do caso é a titular da Promotoria de Delitos e Trânsito, Márcia Hunger.

Segundo a responsável pelo caso, delegada Daniela Lima, o acusado não reconhece que o acidente foi provocado por ele, mas os indícios o colocaram na cena do crime, ou seja, ele foi indiciado pelas comprovações da perícia policial.

O inquérito policial foi concluído e houve o indiciamento do condutor da caminhonete pela prática de lesão corporal culposa de trânsito, supostamente em estado de embriaguez. Quanto ao último fato, a delegada relatou em entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira (28), que não há prova técnica de embriaguez: “ele não foi preso em flagrante, não houve teste do etilômetro (bafômetro), mas testemunhos afirmam que ele estava com sinais de embriaguez e essa é a conclusão da polícia, sendo que a tipificação leva o fato em consideração”, afirmou.

Investigação

As investigações foram iniciadas logo após o crime, no dia 1º de maio passado. De acordo com a polícia, a vítima estava acompanhada de um irmão e uma prima e, minutos antes do atropelamento, se afastou de ambos e deitou na areia. Em depoimento à polícia, as testemunhas foram uníssonas em identificar a cor da caminhonete: preta. Ainda de acordo com a delegada Daniela, que é a diretora da DEDT, os parentes da vítima também afirmaram que, após o atropelamento, o condutor teria diminuído a velocidade, porém sem chegar a parar e, em seguida, teria acelerado a caminhonete e saído do local do acidente.

Com os relatos, a Polícia e a perícia analisaram imagens de câmeras de seguranças instaladas em condomínios da região e identificaram dois veículos. Mas, segundo o perito Alex Sávio, alguns detalhes, como um adesivo em uma das caminhonetes, de modelo Ford Ranger, e a placa Mercosul, levaram a perícia a um único carro. A partir dessa análise, foi verificada a presença de um veículo com as características informadas pelas testemunhas. As imagens registraram o momento em que a caminhonete saía da areia da praia e retornava à rodovia Inácio Barbosa.

Conforme relatado pela delegada, câmeras de segurança da Superintendência Municipal de Trânsito (SMTT), instaladas em avenidas que levam à praia, também foram solicitadas e utilizadas na investigação. Com essas informações, a delegacia partiu para a verificação das características da caminhonete junto à uma concessionária da marca, que possibilitou a delimitação do ano de fabricação do veículo entre 2017 e 2019.

Em paralelo, também foram filtrados, junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran/SE), os veículos do modelo apontados pelas evidências apuradas no decorrer do procedimento investigativo, que contou com o apoio da Divisão de Inteligência (Dipol). Além disso, uma das testemunhas o reconheceu e disse que o viu conduzindo um veículo com as características levantadas pelas investigações no dia do crime, na praia. Com as evidências, a caminhonete que atropelou a jovem e condutor José Joacy foram identificados.

Em depoimento à delegada, o investigado reconheceu ter ido à região do Mosqueiro no dia do crime. Ele disse que não sabe se a caminhonete teria passado por algo e citou que, devido à altura do veículo, não perceberia lombadas ou depressões. O condutor mencionou, na oitiva, que pararia no local se tivesse percebido o atropelamento.