Música
Sergipana Letícia Paz leva mensagem de empoderamento com sua voz
Artista chama atenção no cenário musical local e defende mais espaço por parte do poder público
Entretenimento | Por Victória Valverde* 19/01/2019 08h30 - Atualizado em 19/01/2019 14h57

Com uma voz forte e pulsante, Letícia Paz, de 22 anos, é uma das novas cantoras e compositoras sergipanas que chama atenção no cenário musical local. A artista já se apresentou em alguns shows por Sergipe, sendo o maior deles o Festival de Artes de São Cristóvão, através do projeto “break time sessions”, da Red Bull.

Nascida no povoado Brasília, da cidade de Lagarto, o primeiro palco de Letícia foi a igreja. Nele, cantou dos 11 aos 17 anos. Com 17, ela conheceu o Sarau da Caixa D`água, promovido na praça de Lagarto. Lá ela começou a encontrar o seu som e, consequentemente, a se descobrir como artista.

Universitária do curso de Publicidade e Propaganda, Letícia segue divulgando sua arte através das redes sociais (@P4zxx), onde se pode entrar em contato com ela para o agendamento de shows. A cantora também está trabalhando na produção e divulgação do seu trabalho autoral.

Excelência Negra

Letícia tem como referências musicais – tanto pela trajetória, quanto pela representatividade – mulheres negras. Elsa Soares Nina Simone, Erykah Badu, Rihanna, Jorja Smith e Liniker são alguns dos nomes que ela cita.

A sergipana enxerga sua música como uma forma de provocação social onde, por intermédio da sua criação, ela consegue fazer as pessoas refletirem e, através dessas reflexões, podem ser geradas mudanças efetivas.

“Parafraseando uma frase de Nina Simone, é dever do artista refletir o seu momento. Através do privilégio de ter o instrumento que é a minha voz, devo usá-la a favor de mudanças sociais. Acho que a arte é revolucionária”, reflete a cantora.

Como uma mulher preta, Letícia levanta através da sua arte as bandeiras da equidade, do respeito, oportunidade, liberdade e dignidade. Ela espera alcançar a sua geração e as próximas através de uma comunicação clara e objetiva.

Apesar de todos os sonhos e vitórias alcançadas, Letícia tem consciência e chama atenção para a falta de oportunidades dadas às mulheres negras. “Eu e várias amigas minhas, também pretas, somos chamadas mais para trabalhos gratuitos, mesmo tendo uma qualidade musical acima da média”, relata.

Espaço para todos

Apesar das desigualdades, o movimento negro está se unindo cada vez mais para criar oportunidades onde suas vozes possam ser ouvidas, mas é necessário o apoio do governo e da população.

Primeiramente, o auxílio do governo, através de festivais e eventos com músicas autorais que incluam as minorias. Através desse incentivo, esses artistas terão mais facilidade em espalhar suas vozes e mensagens.

Segundo Letícia, a falta de apoio e valorização da cena musical aracajuana por parte do público e até a falta de união entre os próprios músicos também é um empecilho na hora da divulgação dos seus trabalhos. Isso sem falar do apoio financeiro, escasso para muitos artistas.

Apesar de todos os obstáculos, Letícia acredita que estamos caminhando para uma maior valorização da cena artística sergipana. Com a sua música, ela se comunica através das barreiras impostas pela sociedade e pretende levar o seu som para longe.

“A música preta é tudo. A verdade é que a gente é foda, somos criadores, pensadores, cientistas, arquitetos da arte. O importante é manter a essência, as raízes que gritam em nós, e não deixar embranquecer o nosso som, a nossa arte”, defende.

 

 

*Estagiária sob a orientação do jornalista Will Rodriguez.

 

 

 

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