TEXTOS ANTIVIRAIS (47)
Blogs e Colunas | Luiz Eduardo Costa 05/02/2021 14h34 - Atualizado em 05/02/2021 14h35AINDA A “CAVEIRA DE BURRO”
(Com o acordo geral, finalmente as placas poderão ser retiradas)
Comentamos, aqui, sobre aquela azíaga “caveira de burro”, que, o arguto e intimorato planejador do desenvolvimento sergipano, professor Aloísio de Campos, num dos seus poucos instantes em que cedeu ao pessimismo, transformou em simbologia o cocuruto ossudo de um muar falecido. Aquela mandinga enterrada, seria uma bruxaria a espalhar seus malefícios pelo território sergipano. A “coisa ruim” estaria em algum ponto secreto, mas, o professor Aloísio não pensava em exorcismo, o único em que ele acreditava, era mesmo numa bem conduzida política de resultados.
Então, agora já é fevereiro de 2021, aliás chegando tarde, porque o ano que parecia ter ido, ainda anda arrastando-se por este mês insólito, onde nem haverá carnaval.
Nesse fevereiro sem carnaval começaram a pingar, ou respingar, algumas boas notícias que vão borrifando esperanças, e onde surge a seiva da esperança a descrença, erva daninha, tem o mesmo destino daquelas de que nos fala a Bíblia, as sarças, que facilmente o fogo consome.
Pode ser que estejamos a nos livrar da “caveira de burro”.
Chegou, da Petrobras, sinalização bastante positiva após o decepcionante, quase desmentido, do anunciado como firme plano de investimentos, no qual a bacia Sergipe-Alagoas seria contemplada nos próximos 5 anos com 2 bilhões de dólares. Significaria a entrada em produção dos campos excepcionais de gás e petróleo na nossa plataforma marítima. Logo, fizeram as avaliações sobre os efeitos disso na nossa economia, mesmo sabendo-se que a maior parte daqueles recursos não iria circular nos dois estados. Mas, a simples manutenção da Petrobras nas nossas vizinhanças em águas profundas, traria um dinamismo inusitado, e se confirmariam as perspectivas de investimentos nas cadeias produtivas dos dois insumos fundamentais, incluindo-se uma refinaria, além da expansão notável do polo de fertilizantes. Depois da decepção, veio a palavra definitiva do diretor de prospecção e produção da Petrobras, Carlos Alberto de Oliveira. Segundo ele, os resultados concretos obtidos, indicam que os trabalhos devem ser acelerados, já podendo iniciarem-se as operações, este ano, de uma unidade flutuante de produção, e a utilização pioneira em Sergipe de uma plataforma que reduz consideravelmente o custo de operação off-shore.
Pacificada essa questão, porque afinal há que se dar crédito ao setor da petroleira diretamente relacionado com o que deve ser feito aqui, se poderia imaginar que o agora incalculável prejuízo que nos causa a paralisação extemporânea e unilateral de todas as atividades da Petrobras em Sergipe, poderia ser amplamente compensado. Evidentemente, sem que nesse cálculo entre o rombo ambiental que aqui restou, e que representa um absurdo descuido daquela empresa em face de claríssimos dispositivos constitucionais sobre o assunto.
Resta agora retirar das praias do sul sergipano aquelas placas do Ministério Publico Federal proibindo qualquer forma de construção, inclusive, colocar-se uma fechadura em casas há mais de 40 anos por ali construídas.
Isso significaria por abaixo aquelas placas? Absolutamente. Esse procedimento selvagem a nada conduz. Comentamos aqui a possibilidade de uma busca de consenso que deveria ocorrer, desde que aberto um dialogo entre todos os protagonistas nesse ri-fi-fi interminável, que nos leva a ficar, no nordeste, numa situação única e deplorável de não poder pensar em turismo nas praias de uma vasta região, compreendida entre os dois magníficos estuários do Vaza Barris e da Barra da Estância. Esse entendimento agora, começou, a partir da determinação passada pelo governador Belivaldo Chagas ao Procurador Geral do Estado de Sergipe, Vinícius Thiago Soares de Oliveira.
Vinícius, sem exagero nenhum, é, digamos assim, um operador do direito com uma extraordinária sensibilidade para o binômio econômico e social. Assim, o nó começa a ser desatado. Todos os figurantes nesse palco das decisões fundamentais, estão igualmente preocupados com essa situação anômala vivida por Sergipe.
Houve o começo quando se fez a Lei de Zoneamento Costeiro, mas o MPF alega que essa lei ainda carece de regulamentação, o que é fato. Mas entrou em cena também o eficaz Secretário do Turismo Sales Neto, para compensar o tempo que se perdeu com a pandemia, quando não houve possibilidade de realizar as chamadas Audiências Públicas, geralmente, vistosas aglomerações.
Resumo da ópera: para esta semana já está marcada a reunião com todos os envolvidos no crucial problema. Entre eles, seria indispensável incluir representantes indicados pelo NDE, o dinâmico núcleo de empresários sergipanos que se envolvem com temas ligados ao desenvolvimento econômico, social e ambiental; além, é claro, das pessoas diretamente afetadas pelas proibições.
Assim sendo, em havendo diálogo e resultando o consenso, será possível, enfim, retirar das praias aquelas placas infelizmente impositivas. E se fará em obediência estrita aos protocolos indispensáveis da preservação ambiental. Para que isso aconteça já se movimentou a ADEMA, gerida por Givaldo Dias que é ecologista rígido, e pragmático, sem ferir seus indispensáveis conceitos. A mesma disposição é revelada pelo IBAMA, ICM-BIO e os demais órgão envolvidos na questão.
Poderíamos, até, fazer uma pequena fogueirinha, jogando no ar mais uma ínfima parcela de carbono, e nela queimando as placas proibitórias, sob aplausos, inclusive dos que as instalaram, talvez até constrangidos, quando tomaram a decisão, mas, obrigados a fazê-la, por impositivo funcional.
Se houver necessidade de compensação ambiental, se poderá fazer, com relativa facilidade, uma ampliação das áreas verdes, com o plantio de mudas específicas para as áreas de restinga ou mata atlântica. Para isso, o Instituto Vida Ativa em Canindé, está sempre pronto a oferecer a custo zero as mudas necessárias, agora, que tem a capacidade de produção ampliada em face de um convênio com a DESO, ressalte-se, sem transferência de recursos, só apoio logístico.
Já em relação à Fotovoltaica, um empreendimento bilionário projetado para Canindé do São Francisco, surgem também notícias animadoras, com a superação dos problemas suscitados por alguns óbices, talvez arqueológicos, e vai entrando em cena o drama humano vivido pelo município, que, proporcionalmente, é o recordista em desemprego, em evasão escolar, e talvez agora, também, na amplitude da fome.
Sobre o assunto movimentou-se também a PGE, e o engenheiro Joaquim Ferreira, representante em Sergipe do grupo investidor, tem afirmado que nunca colocou em dúvida a execução do projeto, por acreditar, sempre, na prevalência da lógica e do bom senso, sobretudo, na responsabilidade social dos agentes públicos.
Para os servidores públicos sergipanos veio, nesse fevereiro nada carnavalesco, a grata notícia dada pelo governador Belivaldo na sua fala à Assembleia Legislativa: a partir de março o pagamento integral da folha será dentro do mês.
Isso tem um significado que vai além da boa noticia aos servidores, incluindo-se, também, a constatação de que as contas públicas descarrilhadas, após mais de cinco anos agora voltaram aos trilhos.
Resta esperar que as vacinas até bem pouco tempo tão malsinadas, até pelo próprio presidente, com essa mudança de rumo no trajeto do negacionismo e do confronto, sejam fornecidas com a rapidez que todos aguardam. É sabido que não fosse a atuação do governador João Dória, estaríamos sem vacinas.
Já lembraram de ressuscitar a figura do Zé Gotinha, ao lado do Ministro Pazzuelo, agora transformado em “boi de piranha”. Os generais que nos governaram durante 21 anos sempre foram muito atentos e ágeis nessa questão de saúde pública. O Brasil, tinha, até pouco tempo, o reconhecimento mundial pela expertise na capacidade de vacinar a população. Zé Gotinha foi o boneco símbolo de uma campanha intensa de âmbito nacional que, popularizado por uma portentosa campanha de esclarecimento, com utilização de todas as mídias, passou, à população, a gravidade de um problema que a vacina Sabin definitivamente resolveu: a paralisia infantil.
Temos de evitar a paralisação das inteligências, para que venhamos a ter uma sucessão de boas notícias.
Mas isso já é uma outra história.







É jornalista, escritor e membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências. Ambientalista, fundou o Instituto Vida Ativa que, dentre outras atividades, viabilizou em 18 anos o plantio de mais de um milhão de mudas da Caatinga e Mata Atlântica.
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