TEXTOS ANTIVIRAIS (48)
Blogs e Colunas | Luiz Eduardo Costa 12/02/2021 22h45 - Atualizado em 12/02/2021 23h06OTIMISMO É SABER RESISTIR
(Belivaldo aproximou-se dos empresários, agora recebe elogios)
Os tempos que atravessamos absolutamente não são propícios aos sentimentos otimistas, mas é necessário evitar que o pessimismo se transforme numa letargia improdutiva, ao ponto de anular ideias, e sufocar iniciativas.
Ultimamente, temos assistido manifestações diversas e quase unânimes dos empresários sergipanos, principalmente aqueles que integram o Núcleo de Desenvolvimento de Sergipe, sempre elogiosas ao governador Belivaldo.
É muito raro haver em Sergipe essa espécie de simbiose entre Governo e setor empresarial, onde quase sempre avolumam-se queixas, e sempre restam, desatendidas, algumas reivindicações fundamentais. A simbiose não se forma por afinidade política, muito menos partidária, surge, sobretudo, em função de procedimentos que aproximam ações e tornam comuns certos objetivos prioritários. Ou seja, tudo resulta daquele sentimento de que poder público e iniciativa privada se completam e se somam.
Belivaldo em todas as suas falas, desde ainda quando substituía Jackson Barreto que se desincompatibilizara para concorrer ao Senado, buscou aproximar-se muito do setor empresarial. Começou, por oferecer uma participação no seu próprio governo, solicitando ao dinâmico líder empresarial e deputado federal Laércio Oliveira, que indicasse nomes para a Secretaria do Desenvolvimento Econômico, e ele o fez, colocando à frente o engenheiro e professor José Augusto Carvalho, que tem ampla vivencia na área empresarial, e uma excelente relação com os empresários.
Essa sintonia facilita as coisas, tanto assim que estão sendo destravados projetos e anunciadas boas iniciativas. O prazo longo para as dívidas de empresas em recuperação judicial, além do inteligente incentivo para a indústria de transformação do leite, beneficiando toda a cadeia produtiva, revelaram que a inovação começa a acontecer no sistema fazendário. Da mesma forma o volume de recursos agora postos à disposição das micro e pequenas empresas pelo BANESE, é uma notícia positiva, que contribui para varrer do cenário dos negócios, a pestilência do pessimismo, que poderá acontecer ao mesmo tempo que se faz o cerco final à pandemia.
Empresários agora reúnem-se com facilidade, dialogando e levando ideias ao Executivo estadual, que começam a ser aplicadas na prática, e podem, por exemplo, resolver o velho imbróglio das praias proibidas. Afinal, para aquela região sul de Sergipe o governador Marcelo Déda construiu duas grandes pontes que facilitam o acesso, restaria, então, dar acesso aos investimentos.
No que se refere às rodovias estaduais, existe agora uma afanosa atividade de recuperação da malha, e reinicio de obras que estavam paralisadas. O engenheiro e matemático Ubirajara Barreto tem superado obstáculos, e imprimido, com sua equipe, um ritmo que frequentemente deixa de acontecer em obras públicas. O mesmo ocorre na nova Orla da Sarney, que terá acessórios para atrair eventos esportivos de grande porte, e isso é o que espera a indústria do turismo, observando-se, também, que chegam ao fim as obras do Centro de Convenções. A Secretaria que Bira comanda é de desenvolvimento urbano e sustentabilidade, daí porque tem ingerência direta na área ambiental, e esse binômio resulta em agilidade maior. Assim, já se fazem as ações necessárias, levando-se em conta as restrições causadas pela pandemia para concluir o que falta, visando a aplicação da Lei de Gerenciamento Costeiro.
Sendo os obstáculos removidos, será possível reconstruir em Sergipe o clima indispensável para que se multipliquem investimentos.
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SEU NOEL E MANELITO MENEZES
(Noel Barbosa, idoso, e Manelito Menezes, jovem, dois empresários que farão falta a Sergipe)
A COVID, essa coisa terrível, que, lamentavelmente, alguns tratam com desprezo, ironia, e até fazem com ela uma espécie de humor cafajeste, tem causado sucessivas mortes, levando luto a tantas famílias aqui em Sergipe, e em todo o Brasil. Já são mais de 230 mil mortes. Entre elas se incluem agora dois sergipanos destacados na área do empreendedorismo. Noel Barbosa, pioneiro em tudo, e inigualável na simplicidade e na capacidade de ser solidário, se foi, já chegando próximo dos oitenta anos, mas, com uma vitalidade enorme e uma vontade nunca reduzida de sempre fazer, realizar, deixar marcas ainda maiores da sua passagem.
Noel saiu da extrema pobreza ao topo onde alcançam poucos empresários, montando ao lado do seu irmão, o também notável, por ser simples e fraterno Gentil Barbosa. Seguiu a linha dos grandes empresários sergipanos que montaram três redes imensas de supermercados: Pedro Paes Mendonça e seu filho e sucessor João Carlos, criando o Bom Preço, Mamede Paes Mendonça criando a rede Paes Mendonça, Gentil e Noel criando o G. Barbosa. Foram os três vendidos a redes multinacionais, mas os seus fundadores, continuaram atuando em vários outros empreendimentos, e sempre investindo muito em Sergipe.
Já Manelito era ainda um jovem, colhido dessa forma trágica, quando tinha em andamento inúmeros projetos ao lado do pai Henrique Menezes. Henrique herdou do seu pai Manelito, um patrimônio raro de credibilidade, e, criativo, ampliou de forma acelerada os seus negócios, criando o Grupo SAMAM, que era tocado agora pelo jovem Manelito, pondo em prática o que de melhor aprendera com o avô, e o seu pai Henrique Menezes.
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A VACINA A VACINA, O NOSSO S.O.S
(Aos 94 anos o Dr. Rochinha estava ansioso pela vacina. Deu o exemplo de responsabilidade social)
S.O.S são as três letras que representam a salvação ou a busca de que ela venha a acontecer. Em inglês significa: Save Our Souls, ou seja: salvem nossas almas. Não seria bem as almas que viriam a ser salvas, a salvação seria exata e diretamente dos corpos vivos, e enfrentando a morte. Um navio que afunda e o seu comandante emite um desesperado S.O.S, dando a sua posição e esperando que rapidamente chegue o resgate. Isso começou há quase cento e cinquenta anos, quando foi inventado o telégrafo sem fio, e eram feitos os sinais no usual Código Morse. Mas o S.O.S pode ser emitido também com a voz, e agora assim se torna mais usual o May Day, que vem a ser simplesmente dia de maio. Mas enfim todos são gritos por socorro. Gritos implorando socorro, assistência, tudo de forma urgente.
E no Brasil o nosso SOS coletivo, o may day, ou seja lá o que for, é aquele grito agoniado de todos os brasileiros, ou, infelizmente, quase todos, os que desejam usar a vacina, terem a vacina aplicada nos seus braços. E assim, cada um quer o imunizante, seja chinês, inglês, francês, americano, russo, ou venha de onde vier, desde que aprovado pelas autoridades no assunto, aqui, a nossa competente ANVISA, lá fora tantas outras, até servindo de referência.
Em Sergipe a vacinação vem sendo realizada de forma correta, e em Aracaju tem sido exemplar. Atendidos os heroicos profissionais da saúde que estão na linha de frente, começam a receber a vacina os idosos com mais de 90 anos. Sim, a vida humana importa, toda vida humana importa, seja a de um jovem ou a de um longevo.
José Francisco da Rocha, é o professor, jurista tão conceituado, o homem que não sabe o que é velhice, porque permanece ativo, faz até ginástica com pesos, dirige automóvel, frequenta há sucessivos sessenta e cinco anos a sessões da sua Loja Maçônica Cotinguiba, da qual já foi Venerável quatro vezes, pois bem, José Francisco da Rocha, o Dr. Rochinha, passou esta semana que termina uma noite intranquila, diríamos melhor atravessou a noite ansioso, coisa rara, para quem tem um sono sempre tranquilo.
A ansiedade era para receber a vacina. E na manhã seguinte chegou a sua vez. Aos noventa e quatro anos, ele quase foi dirigindo o próprio carro para o drive-thru da Sementeira, onde estavam a esperar todos os idosos o Prefeito Edvaldo Nogueira e sua equipe tão eficiente, e se não o fez, foi por ter atendido aos pedidos dos filhos, que preferiam levá-lo até a vacina tão aguardada.
Quando toma a vacina, Rochinha, um humanista, não o faz apenas pensando em proteger a própria vida, ele corre para a vacina tão ansioso, sobretudo para dar o exemplo, para que o seu gesto sirva como uma demonstração de que as vidas humanas importam, e sobre um assunto tão gravemente trágico e urgente, não se pode admitir que façam piadas aqueles que não respeitam a vida, aqueles que não respeitam a dor, a angústia, o desespero de tantos milhares de brasileiros agora mortos, ou sofrendo nos hospitais.
É preciso gritar o S.O.S em defesa da vida. Das nossas vidas.
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DO CENTRÃO AO BANCO CENTRAL
(O deputado Arthur Lira e o economista Roberto Campos Neto, agora dividem entre eles os negócios da República)
Além da pandemia, há outros males de variadas espécies, tais como o desemprego, os preços do dólar e dos combustíveis que disparam resultantes da incúria ou da ausência de vontade para enfrentar os problemas na sua verdadeira origem. Isso para não falar na imagem externa do Brasil; no descompasso entre o que se deseja e aquilo quem se alcança, no rombo das contas públicas que cresce exponencialmente.
Há tudo isso e há muito mais, todavia, este país se chama Brasil. E quando foi que no Brasil, uma só geração que fosse, não viveu um período de crise?
Existe algo até agora inédito: um governo movido pelo desejo de impor modelos que agridem a lógica e o bom senso.
Mas esse sentimento de que tudo se pode fazer movido pela própria vontade de um só homem, ou de um clã, acaba de derreter-se.
Na situação em que nos encontramos, isso não é totalmente ruim.
A preponderância do Centrão nas áreas políticas decisórias, (já se diz até que Artur Lira é de fato o presidente da República) vai bater de frente mais cedo ou mais tarde com a ortodoxa política monetária de um Banco Central, desconectado com o governo e seguindo apenas as diretrizes do mercado financeiro, ou aos interesses do complexo bancário, um restrito oligopólio, de cinco grandes conglomerados financeiros. Agora independente, para, como se diz sintética e superficialmente: “zelar pela estabilidade da moeda”, o BC não recebeu apenas essa prerrogativa que aliás nunca deixou de ter. O Banco Central brasileiro ganhou com a aprovação mansa e pacifica do Congresso Nacional, o poder de gerir de fato e de direito a República. Bolsonaro de agora em diante ao invés de falar todo dia para os seus apoiadores, reunidos no “curralzinho” do Planalto, terá de pedir a benção contrita e humildemente, todos os dias, tanto a Artur Lira como a Roberto Campos Neto. Depois disso ele volta a sentar na cadeira presidencial, para assinar os papéis que lhe permitam, ou que lhe obriguem a fazê-lo. No caso de Bolsonaro, esses freios, ou melhor, essa brida, é absolutamente necessária. Mas virão outros presidentes que queiram e saibam governar, então, será preciso domar tanto os ímpetos orçamentívoros do Centrão, como o canibalismo ultra-liberal que vai insaciavelmente devorando o Estado.
Mas isso já é outra história.
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FINALMENTE UMA FRASE SENSATA
(Perguntou Bolsonaro aos empresários: Vocês sabem o que é passar fome? Completou Mourão: O presidente não pode ser escravo do mercado)
Ultrapassando os dois meses do seu mandato, o presidente Bolsonaro na sua costumeira live das quintas-feiras, formatou a sua primeira frase inteiramente sensata. Foi curta e sob forma de pergunta dirigida a setores do mercado financeiro, que se revelam escandalizados diante da possibilidade de um novo e indispensável auxilio emergencial.
Disse o presidente: “Vocês do mercado ficam ai irritadinhos, mas vocês sabem o que é passar fome”?
Ao fazer a pergunta ele deveria também ouvir uma outra frase do seu vice-presidente Mourão, a quem jamais deveria ter insultado e ofendido.
Disse o general, até corroborando a pergunta que fez o presidente, e desaprovando os chiliques do prostíbulo que se intitula “mercado financeiro”: “O presidente não pode ser escravo do mercado”.
Até agora ele não tem sido exatamente um escravo, mas, se fez um serviçal dos interesses específicos e indecentes de uma súcia de hedonistas, que vive à custa dos sofrimentos da Nação, auferindo lucros fabulosos inflando a bolha de uma economia fictícia, que eles criaram para si mesmos, e vez por outra estoura, como aconteceu em 2008 nos Estados Unidos, arrastando o mundo para uma depressão que dizimou milhões de empregos, e ampliou a pobreza. O rombo provocado, foi, como sempre, recomposto pela ação do Estado, o que significa dizer, comprimindo salários, desviando investimentos destinados a setores essenciais.
Donald Trump, o gangster que tanto se tem beneficiado nos seus sempre escusos negócios, exatamente desse tipo de aventura que provoca catástrofes, premiou os super-ricos americanos com uma isenção quase total de impostos.
No governo, Bolsonaro somente tem feito carícias e mais carícias ao prostíbulo financeiro, que não tem nada a ver com o real capitalismo, aquele produzindo, gerando empregos, e hoje, desgraçadamente se encolhendo com a desindustrialização, um cenário nunca levado em conta pelo próprio governo. Bolsonaro minimizou o fechamento da Ford, disse que era algo apenas setorial, e que resultaria em uns cinco mil empregos cancelados. Nada mais equivocado, já são mais de cem mil os atingidos.
Paulo Guedes enxerga o mundo em função dos sucessos especulativos que podem ser alcançados, dissociados desses “sentimentos piegas”, como, por exemplo a fome, azucrinando a sofrida vida de mais de sessenta milhões de brasileiros.
O presidente precisa saber que aquele trabalhador recebendo salário mínimo, padece mais fome agora, depois de dois anos de primazias exclusivas para o mercado, a quem ele pergunta se sabe o que é passar fome.
O empresário que acredita na sua capacidade, que valoriza o seu trabalhador, sabe perfeitamente que um auxílio distribuído pelo governo é uma injeção na economia, que faz ampliar o consumo, e que não há sucesso empresarial onde não se cria um mercado consumidor.
O primeiro auxilio concedido, após ser, na verdade, imposto ao Executivo pelo Congresso Nacional, e nisso se destacou Rodrigo Maia, tão odiado por Bolsonaro, evitou o colapso na economia, evitou um turbilhão social causado pela miséria absoluta. Foi muito mal elaborado. Pecaram pela “generosidade” e pela caótica distribuição, onde milhões de falsos pobres acabaram beneficiados.
Mas. os duzentos bilhões injetados na economia, não só evitaram a fome, geraram um dinamismo bem mais amplo do que aquele, criado pela Bolsa Família, ampliada no tempo de Lula, e que os futuros “bolsonaristas” diziam que era a “Bolsa Preguiça”.
Procurem saber do governador Belivaldo, quanto daqueles quatro bilhões que circularam nos felizes e curtos meses em que o pobre enxergou as notas de cem e até duzentos reais, foram parar sob forma de impostos nos cofres do estado, tornando mais fácil a nossa penosa recomposição das contas devastadas pela crise.
Procurem saber de Paulo Lemann o homem mais rico do Brasil, um dos três donos da AMBEV, quanto cresceu a venda de cervejas, de refrigerantes, que, nas biroscas, sempre se acompanham de algum pastel.
Ah, vejam, dirão os eternos verdugos da pobreza: foram beber nas bodegas, e não compraram comida.
Será que o pobre não pode comer uma farofinha com tripa acompanhada de uma cerveja?
Pois então, conformem-se com o discurso enganoso de Paulo Guedes, e fiquem a esperar que a autonomia do Banco Central, que a Reforma da Previdência, façam o milagre de gerar investimentos, emprego e renda. E fique o presidente sem uma resposta para a pergunta que fez aos incomodados gigolôs do cabaré financeiro.
Não há crescimento econômico sem um mercado consumidor interno, onde muita gente possa comer sua tripinha, tomar sua cervejinha.
Ou então, continuaremos sendo gigantesco exportador de carnes, de cerais, de minérios, agora também de petróleo, e até importando, depois, a gasolina, o diesel, a soja, o milho; não tardará muito, também a carne.
Tudo para que se faça a felicidade desse restrito clube de privilegiados gigolôs, viciadíssimos em mamar impudicamente naquela “porca das divinas tetas”, o prostituído Estado brasileiro.







É jornalista, escritor e membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências. Ambientalista, fundou o Instituto Vida Ativa que, dentre outras atividades, viabilizou em 18 anos o plantio de mais de um milhão de mudas da Caatinga e Mata Atlântica.
E-mail: lecjornalista@hotmail.com
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